Tradicional sistema Solera
Continuando a detalhar os segredos de Jerez, vemos acima o sistema de amadurecimento ou de educação dos vinhos (em espanhol, crianza), chamado Solera. Esta é a principal razão pela quase totalidade dos vinhos de Jerez não terem safra. Neste sistema contínuo de entradas e saídas, o vinho é sempre rejuvenescido com safras mais recentes, eliminando progressivamente o vinho mais antigo da solera.
O sistema tende a ser mais dinâmico de acordo com o tipo de Jerez de cada solera. Para os finos, é essencial a manutenção da flor. Portanto, o sistema deve ser constantemente monitorado e ativo, como sacas sucessivas entre as criadeiras, de cima para baixo, até a soleira propriamente dita. Como é o tipo mais consumido, esta dinamização segue a ordem natural de consumo.
Para os Amontillados, a manutenção da flor é parcial, ou seja, depois de um certo tempo, a flor morre, seguindo o processo de crianza oxidativa. O amontillado pode ser elaborado pelo desenvolvimento natural da flor, a qual será menos vigorosa que a do tipo fino, que com o tempo morre naturalmente. A outra maneira, é provocar a morte da flor de um Jerez fino, não revigorando a solera. De todo o modo, as características de um amontillado são intermediárias entre os finos e os olorosos.
Por fim, os Olorosos. São vinhos que desde a fortificação, não desenvolveram a flor. Portanto, todo processo de solera se dará com crianza oxidativa. Evidentemente, suas cores são as mais escuras, intensificadas pela idade da solera.
Um último dado sobre a formação da flor. Antigamente, o fato de existir ou não flor em uma determinada bota de Jerez era algo misterioso e totalmente legado às condições naturais do ambiente e época do ano. Com o avanço da ciência e domínio de todos os processos de vinificação, atualmente cabe ao homem decidir ou não por sua formação. Através de um controle perfeito de temperatura, umidade e inoculação da levedura Saccharomyces Beticus, os vários tipos de Jerez são elaborados e dimensionados.
Venenciador: habilidade para o Circo de Soleil
Este profissional maneja como ninguém seu instrumento de trabalho, a venencia (faz a vez da pipeta para retirar um pouco de vinho da barrica). Eles são capazes de servir dez ou doze copitas (taças de boca estreita, lembrando uma flûte mais curta), sem cair uma gota fora, de qualquer uma delas.
O mundo Jerez continua no próximo post.
Nenhum comentário:
Postar um comentário