País importador de 100% do que consome, o Brasil pode se tornar, em uma década, autossuficiente na produção de azeitonas e de azeite.
A previsão é da Fazenda Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em Maria da Fé, o município mais frio de Minas. Oliveiras plantadas nas ruas e praças são o símbolo dessa aposta que pode revitalizar a economia do município.
Na fazenda, há um ano, foi feita oficialmente a primeira extração de azeite do País - alguns produtores do Rio Grande do Sul já fizeram o mesmo, mas no Uruguai -, comprovando que, apesar de haver diferenças de clima e de solo em relação às principais áreas de produção no mundo, como Espanha e Portugal, aqui também é possível cultivar as autênticas oliveiras .
Fim de ciclo
O acontecimento também fecha um ciclo de pesquisas que datam quatro décadas e que começa a atrair produtores, interessados em suprir um mercado que consome por ano 60 mil toneladas de azeitona e 35 mil de azeite de oliva, segundo a Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliveira (Oliva). Na América do Sul, Chile e Argentina são os grandes produtores e Itália, Grécia, Espanha e Portugal são os maiores produtores e exportadores da Europa. "Apesar da aridez, eles também têm frio e a azeitona passa por um período de baixas temperaturas. Aqui nós temos essas mesmas condições", diz o pesquisador da Epamig, João Vieira Neto.
Embora a colheita deste ano (para os pesquisadores, a primeira safra comercial do País) tenha sido frustrada por causa de duas chuvas de granizo em plena floração, o ânimo dos técnicos não foi abalado. "Esperávamos colher 10 toneladas, mas não chegaremos a 10% disso. O que não diminui nossa expectativa em relação ao potencial produtivo", diz Vieira. Uma nova extração será feita nesta sexta-feira, num dia de campo na Fazenda, com participantes até de outros países.
O pomar da Fazenda Experimental de Maria da Fé tem 400 árvores adultas (recentemente foram plantadas mais mil), com produção de 1 tonelada de azeitonas/ano. São 37 variedades, destacando-se a grapollo, para azeite, e a ascolana, para azeitonas de mesa.
Outras duas variedades são a JB e a maria da fé, sendo ambas resultados de cruzamentos feitos na própria fazenda. A área é destinada exclusivamente à pesquisa e à produção de mudas de oliva - cerca de 20 mil por ano. As mudas são enxertadas, técnica que permite que a planta produza já a partir do quarto ano, em vez do décimo ano de plantio.
Falsa azeitona causa confusão
Uma fruta que nada tem a ver com a verdadeira azeitona costuma provocar muita confusão, sobretudo entre sitiantes e chacareiros, nos meses de agosto e setembro. É a azeitona-do-ceilão (Elaeocarpus serratus L.), que nesses meses, está em plena safra. Fora a aparência, porém, nada tem a ver com a verdadeira azeitona. Por causa da semelhança, quem não conhece a "falsa azeitona" tenta prepará-la como conserva, sem sucesso. "O gosto é adstringente, ?amarra? na boca, como o de banana verde", diz a engenheira de alimentos Shirley Garcia Berbari, pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital-Apta). Ela explica que, embora a azeitona-do-ceilão tenha sido classificada como olerácea (planta que produz frutos ricos em óleo), tem a polpa seca. "Ela não tem valor nutricional comprovado. É uma árvore ornamental."
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