O presidente cessante da Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVR) fez hoje um balanço positivo dos oito anos em que liderou a estrutura, considerando que os vinhos da região ganharam notoriedade, graças à aposta na qualidade. Valdemar de Freitas está prestes a encerrar dois mandatos à frente da CVR Dão, tendo como sucessor Arlindo Cunha, cuja tomada de posse está marcada para 4 de Novembro.
«Quando assumi funções deparei-me com uma região em estado de alguma letargia, nem sempre ciente dos problemas que enfrentava e muito menos com ânimo para reverter essa situação. A CVR do Dão rapidamente traçou o diagnóstico, multiplicou os alertas, mas foi um processo moroso o de contrariar estigmas e ajudar a mudar mentalidades», recorda numa nota de imprensa.
O responsável diz sair com «um sentimento de missão cumprida», recordando «o grande esforço» feito para conseguir recuperar uma imagem «menos abonatória» que «teimava em pairar sobre a região» nas últimas décadas. Na sua opinião, «o vinho do Dão foi dos mais prejudicados pela política que privilegiou a quantidade em detrimento da qualidade», sendo que, desde a década de 90, «alguns produtores iniciaram um novo percurso, mais apostados na qualidade». «Mas para que o nome da região pudesse verdadeiramente ser alavancado, era necessário que a generalidade dos agentes económicos percebesse que teria de ser esse o caminho: apostar na qualidade para recuperar o estatuto de eleição dos vinhos do Dão», explica Valdemar de Freitas.
Lembra que, quando tomou posse, «poucos acreditariam que alguns dos mais influentes líderes de opinião internacionais elegessem os vinhos do Dão como algo que urge descobrir». «Conseguimo-lo, trazendo-os à região e mostrando-lhes o nosso incalculável património de castas, a nossa história, a nossa filosofia de produção, os nossos vinhos», frisa.
“Trabalho de sapa está feito”
Valdemar de Freitas destaca ainda os vários eventos promocionais realizados em Portugal e, mais recentemente, em mercados externos, como Angola, Brasil, Estados Unidos e Canadá. No seu entender, estas acções «ajudaram a conferir uma maior notoriedade aos vinhos do Dão junto dos consumidores, especialistas e profissionais da hotelaria e restauração, além de proporcionarem um contacto comercial privilegiado aos agentes económicos que participaram nestas iniciativas».
Como aspecto negativo destes anos, aponta o facto de não ter sido constituída uma única entidade certificadora para os vinhos da Região das Beiras, que agregasse o Dão, Lafões, Bairrada, Beira Interior e Távora-Varosa. «A CVR do Dão investiu bastante neste processo e, a dado momento, sentiu que estava a ser a única realmente apostada em levar a bom porto um desfecho que reunisse todas as entidades num só estrutura certificadora», lamenta. Valdemar de Freitas continua a achar que «foi uma oportunidade perdida», mas mantém a convicção de que, «a médio prazo, isso acabará por revelar-se inevitável».
Numa altura em que considera que «o trabalho de sapa está feito», aponta como o maior desafio do seu sucessor «manter a região unida em prol dos objectivos que serão entretanto traçados».
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