No velho mundo (Europa) seus principais países produtores - França, Itália, Espanha e Portugal – criaram um complexo conjunto de regras (leis) que controlam os vinhos, criando uma classificação com hierarquias, obrigações e normas técnicas para sua produção. O objetivo é garantir a qualidade e a tipicidade dos vinhos das diversas regiões e aumentar sua visibilidade de mercado.
Classificação dos Vinhos na França
Vin de Table – É o vinho de mesa comum. Não traz nenhuma indicação geográfica ou de uva no rótulo. São vinhos de consumo interno, sem muita exportação. Há pouco ou nenhum controle sobre estes vinhos.
Vin de Pays – Indica os vinhos regionais. Fornece o nome da região, sendo que esta engloba uma área bem maior que as outras de classificações superiores. Como existe mais flexibilidade nesta classificação, alguns produtores até indicam as uvas no rótulo. São vinhos finos simples, mas que podem indicar grande valor (custo-benefício).encontramos alguns no Brasil de boa relação preço qualidade.
Vin Délimité de Qualité Superieur (VDQS) – É o segundo nível de qualidade, de cima para baixo. Significa “vinho demarcado de qualidade superior” e varia de vinhos finos simples a finos. Muitas vezes, um “Vin de Pays” que atinge maiores níveis de qualidade é “promovido” a VDQS.
Appellation d´Origine Controlée (AOC) – É o nível mais alto da qualificação. Sugere um certo estilo, mas nem sempre garante qualidade. A maioria dos rótulos fornece o nome da região no lugar de “d´Origine”. Como, por exemplo, Appellation Bordeaux Controlée, indicando que o vinho é da região de Bordeaux. A qualidade dos vinhos AOC varia de semifinos a nobres.
Outro fator importante na classificação dos vinhos franceses é que quanto mais específico se é quanto à origem das cepas, mais caro será o vinho e, provavelmente, melhor ele será. Por exemplo, um vinho rotulado “Appellation Médoc Controlée” procede de uma sub-região de Bordeaux. Assim, as uvas provêm de uma área mais restrita do que se o rótulo indicasse apenas “Bordeaux”. Por sua vez, “Appellation Pauillac Controlée” é ainda mais específico. As uvas são cultivadas em uma micro-região dentro de Bordeaux, o que faz com que sua qualidade seja bem superior às outras citadas.
Classificação dos vinhos na Ìtalia
Vino da Tavola
É conhecida como vinho de mesa, mas com algumas exceções, vinhos simples, saborosos e baratos, tomados todos os dias. A mais incrível das ironias é esta classificação ser também responsável por classificar alguns dos vinhos mais incríveis da Itália os supertoscanos, que são bem mais caros.
I.G.T. (Indicazione Geografica Tipica)
Em 1992, entre muitas mudanças feitas, as leis foram revistas para trazer maior flexibilidade à produção como usar carvalho Françês e uvas não Italianas antes exigidas por lei, e adicionar uma nova categoria. A IGT (Indicazione Geografica Tipica - Indicação Geográfica Típica), tornou-se uma nova classificação regida por lei, substituindo a Vini Tipici como a base na pirâmide de qualidade. Ironicamente, alguns vinhos mais caros e mais conceituados, antigamente vendidos como Vino da Tavola, podem ser encontrados agora "atualizados" para IGT.
D.O.C. (Denominazione di Origine Controllata)
Há, aproximadamente, 250 zonas de DOC e 700 vinhos italianos estão nesta classificação. Entretanto, somente uma pequena porcentagem desses vinhos tem alguma viabilidade comercial. Apenas vinte DOCs representam 45% da produção total de DOC do país.
D.O.C.G. (Denominazione di Origine Controllata e Garantita)
Primeiramente classificados em 1970 com a intenção de adicionar uma classificação de qualidade para o topo da pirâmide de vinho. Os 14 vinhos DOCG indicam a mais alta qualidade (vinhos que não são apenas "controlados", mas "garantidos"). Os vinhos DOCG são os nomes famosos como Barolo, Barbaresco, Chianti, Brunello di Montalcino e Vino Nobile di Montepulciano. Vinhos adicionais são solicitados por meio de classificação de DOCG, para que o grupo de 14 vinhos existentes continue crescendo.
Classificação dos vinhos na Espanha
Vino de mesa - vinho inferior, cuja produção pode ser feita em qualquer região do país, e que não se enquadra na categoria Denominación de Origen (D.O.).
Vino de la Tierra - vinho de mesa um pouco mais diferenciado, produzido em região vinícola tradicional do país (Andalucía, Castilla-La Mancha, etc.), e que não se enquadra na categoria D.O.
Vino de Denominación de Origen (D.O.) - vinho de qualidade, produzido em região delimitada e sujeito a severas regras que regulam as características do solo, os tipos de uvas utilizadas, o método de vinificação, o teor alcoólico, o tempo de envelhecimento, etc. equivale a AOC francesa e à DOC italiana.
Outras categorias
Existem categorias baseadas no tempo de envelhecimento dos vinhos que foram utilizadas inicialmente pela região de Rioja, e são adotadas na maioria das D.O.s, a saber:
Vino joven ou Vino Sin Crianza ou Vino del Año - Vinho jovem, um pouco envelhecido, mas não o suficiente para ser considerado "crianza".
Vino de Crianza - Vinho (tinto, branco ou rosé) de melhor qualidade, envelhecido pelo tempo mínimo de 2 anos, dos quais pelo menos 12 meses em barril de carvalho para os vinhos tintos e 6 meses em barril de carvalho para os brancos e rosados.
Vino Reserva - Vinho superior feito nas melhores safras. Os tintos devem ser envelhecidos pelo tempo mínimo de 3 anos, dos quais pelo menos 1 ano em barril de carvalho, enquanto os brancos e rosés podem envelhecer apenas 2 anos, dos quais 6 meses em carvalho.
Vino Gran Reserva - Vinho superior feito nas safras excepcionais. Os tintos devem envelhecer pelo tempo mínimo de 5 anos, dos quais pelo menos 2 anos em barril de carvalho. Os vinhos brancos e rosés podem envelhecer apenas 4 anos, dos quais 6 meses em carvalho.
Classificação dos vinhos em Portugal
Vinho de Mesa - vinho inferior, cuja produção pode ser feita em qualquer região do país, e que não se enquadra nas categorias mencionadas a seguir.
Vinho Regional - vinho de qualidade superior ao vinho de mesa, produzido com, no mínimo, 85% de uvas provenientes da região especificada. Hoje existem muitos vinhos regionais de qualidade igual ou superior à de vinhos D.O.C., havendo inclusive alguns bons produtores que, por não concordarem com as regras impostas pela Comissão Reguladora dessa categoria, passaram a rotular seus vinhos como regionais.
Vinho de Denominação de Origem Controlada (D.O.C.) - teoricamente é a categoria de mais alto nível de qualidade e identifica o vinho produzido em região delimitada, sujeito a regras mais restritas quanto à procedência e variedades de uvas utilizadas, o método de vinificação, o teor alcoólico, o tempo de envelhecimento, etc. Equivale à A.O.C. francesa, à D.O.C. italiana e à D.O. espanhola.
Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada (V.Q.P.R.D.) – para atender ao Mercado Comum Europeu foi criada a nomenclatura Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada (V.Q.P.R.D.) que engloba as I.P.R. (Indicação de Proveniência Regulamentada) e as D.O.C.. Também foram criadas denominações para os vinhos espumantes e licorosos: V.E.Q.P.R.D. (Vinho Espumante de Qualidade Produzido em Região Determinada) e V.L.Q.P.R.D. (Vinho Licoroso de Qualidade Produzido em Região Determinada).
Além das indicações anteriores, podemos encontrar nos rótulos uma classificação pela qualidade, são elas:
Reserva - O Reserva deve ter uma graduação alcoólica meio
grau acima do não Reserva da mesma vinícola e envelhecer ao
menos três anos em adega. Têm sempre origem determinada e
safra.
Garrafeira - O nome Garrafeira significa adega em Portugal. Estes vinhos podem ou não ser de denominação de origem, mas devem obrigatoriamente passar três anos em adega, sendo apenas um em garrafa e os outros dois em madeira.
Essas informações são básicas e não cobrem todo assunto. Tudo isso é legislado, controlado e respeitado (ou quase...). A qualidade que se pretende garantir com esse sistema nem sempre é verdade, caso das denominações populares como Chiante, Valpolicella (IT), Côtes du Rhône, Bordeaux, Espumantes (FR) e tantos outros rótulos importados bonitos, baratos e decepcionantes. Nesse caso a culpa não é do sistema (ou seria ?) mas existem produtores e produtores...
No Novo mundo
Outros países produtores já desenvolveram ou estão desenvolvendo uma regulamentação básica: O Chile tem 14 DO, a Argentina e Uruguai não têm nenhum sistema oficial, a África do Sul tem dois organismos (governo e consórcio) com critérios não unânimes, e por aí vai. O consumidor de produtos globais fica perdido, com razão.
Brasil
O Brasil possui uma classificação própria mas sem muitas regras e leis, mas vinícolas sérias e com o olho no mercado e na qualidade já se auto empregam as regras afim de futuramente ter um lugar ao sol.
Nossa legislação atual, modificada em 12/11/04 após anos de tramitação, classifica os vinhos em:
de mesa / leve (?) / fino / espumante / frisante / gaseificado / licoroso / composto.
Essa classificação (mais uma tipologia) está longe de categorizar os vinhos, e não regula patamares de qualidade, cabendo a cada produtor estabelecer seus critérios. No Site do Vinho Brasileiro pode ser consultada a legislação em vigor .
Reserva e Reservado
No Brasil, Chile, Argentina os termos utilizados, Reserva, Reservado, Gran Reserva, Reserva Especial, são apenas parte dos nomes, e não devem ser usados como referência para medir a qualidade. Por exemplo, o vinho Reservado Concha y Toro (CH) é o segundo degrau na linha da vinícola, com mais 4 níveis acima dele...
Por isso, a melhor maneira é conhecer o produtor e provar sua linha de vinhos, afinal um bom produtor não faz um vinho ruim nem na linha básica do dia-dia