(1) O 99 estava no auge, muito fino, nariz bem cítrico; na boca, é longo, encorpado e com acidez e mineralidade encantadoras, discreto toque amargo no final, belo vinho bem evoluído. (2) O 01 foi um dos favoritos, nariz fechado e bem sério, muito mineral na boca, ótima acidez, equilíbrio impecável, uma verdadeira aula de vinho branco. (3) O 02, pouco eloquente, um pouco quente, toque de brioche no nariz, talvez da madeira ou das uvas mais maduras. O mais ácido de todos, tendendo discretamente ao desequilíbrio. O que menos me encantou. (4) O 03 é fechado no nariz, na boca tem menos expressão, talvez precise de mais tempo para se mostrar por inteiro, é muito balanceado, boa acidez, fino no corpo e de bom persistência no paladar. (5) O 04 tem fantástico toque marinho e mineral no nariz. Na boca, não desaponta a impressão olfativa; é muito mineral, com importante acidez, muito equilibrado. Belo vinho. (6) Curioso toque de caramelo em aromas predominantemente cítricos. Ainda com traços de madeira para serem integrados. Ótimo vinho para guardar.
Se existe algo difícil, é encontrar um bom vinho da Borgonha a preços pagáveis. Infelizmente, esta região tão querida pelos enófilos do mundo todo produz rótulos espetaculares, com preços ajustados a tal excelência.
Por isso foi duplamente delicioso fazer a vertical das seis safras do Beaune 1ére Cru Les Coucherias de Jean Claude Rateau. Os vinhos, alguns deles, tinham aquela eletricidade que raramente aparece na boca. Sensação tátil que senti uma única vez tomando um Montrachet do Domaine de la Romanée-Conti.
O Montrachet vale um parágrafo, sobre algo de que sempre lembro quando provo um Borgonha branco: uma anedota acontecida com o crítico Saul Galvão, que tanta falta faz. Depois do almoço, anos atrás, em que Monsieur Aubert de Villaine apresentara todos os seus vinhos do DRC, peguei uma carona com Saul. Fomos conversando animadamente, e eu, burramente, ousei um "achei o Montrachet fascinante, mas tão intenso, tão cheio de nuances, que não gostaria de beber um vinho assim todo dia". Saul parou o carro, olhou para mim com cara desafiadora e lascou: "Eu beberia!". Rimos.
O caso é que estes Rateau possuem algo em comum com o grande branco, a mesma acidez vivaz que faz a boca salivar e dá a impressão de pequenos choques na língua. Jean Claude Rateau é um exigente produtor biodinamista que seguiu a tradição familiar quando herdou dois hectares em 1979. Hoje tem 15 pequenas parcelas em 12 diferentes terroirs.
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